CHAMADA PARA ARTIGOS Ano de 2023 - Tema do dossiê: Comunicação-decolonialidade: insurgências epistêmicas, teóricas e práticas

17.10.2022

Pensar a Comunicação a partir da Decolonialidade implica uma postura política, ética, histórica e situada, interessada nas perspectivas cognitivas e práticas daqueles e daquelas que foram e são historicamente in-comunicados (Torrico, 2018), e que agora ativam a presença de suas vozes e conhecimentos, ou seja, retomam suas próprias existências e re-existências. Sobre isso, a decolonialidade, que já tem contribuído com valiosas e inovadoras perspectivas no campo comunicacional, vem projetando também um pensamento cada vez mais consolidado para a construção de análises e interpretações sobre os principais desafios contemporâneos nesta área.

A crise do modelo civilizatório dominante, na qual subiste a recorrente ausência e/ou silenciamento dos sujeitos subalternizados, leva à necessidade de uma Comunicação pluriversal e democrática, e, portanto, à urgente volta a uma Comunicação reumanizante (Torrico, 2022) nas regiões latino-americanas e caribenhas.

Desse modo, encontramos na crítica à constituição dos padrões moderno-coloniais da sociedade ocidental algumas chaves para renovar olhares e examinar os enfoques comunicacionais prevalecentes a partir de outros horizontes epistêmico-políticos, teóricos e práticos, que igualmente proporcionam reflexões sobre alternativas possíveis para produzir soluções. Requer-se, consequentemente, a construção e visibilização das demandas, através de processos de resistência, apropriações, hibridações e transculturações, dando conta, ao mesmo tempo, das representações decoloniais funcionais ao sistema político-econômico vigente (Castro, 2022).

Esta abordagem sustenta uma concepção comunicacional aberta às insurgências e comprometida com a construção de um horizonte libertador, no qual a pluralidade de vozes, atores e ideias supere as consequências e atualizações da matriz colonial na comunicação, caracterizada até hoje por silenciamentos, subalternizações, desumanização e dicotomias simplificadoras. Portanto, a crítica aos espaços geo-históricos hegemônicos a partir dos quais se impõem as narrativas ocidentais, assim como o consequente deslocamento da eurofonia, se mostram como tarefas tão indispensáveis quanto impostergáveis.

Esses desafios se localizam na encruzilhada de diversas áreas, pois abarcam a complexidade do cotidiano – sociopolítico, econômico, cultural e tecnológico – dos países da América Latina e do Caribe, assim como a compreensão de inquietudes que surgem com mais frequência na raiz da intensa implantação tecnológica com seu relato determinista e da reiterada aplicação do conhecimento ocidental como única via factível, que resulta na supressão de outras possibilidades de ser, estar, pensar e agir.

Deste modo, a decolonialidade comunicacional é uma chave de reinterpretação fundamental do campo, já que permite a articulação de categorias, idéias e temas em busca de traçar rotas outras para enfrentar os problemas derivados da histórica subalternização e a multidominação.

Este dossiê, nesse sentido, busca reunir contribuições destinadas ao debate, definição e construção desses caminhos outros.

Referências

Castro, Eloína (2022). Aportes del grupo Comunicación-Decolonialidad (ALAIC 2016-2022). Quito, Ecuador: Ediciones Ciespal.

Torrico, Erick (2022). Comunicación (re)humanizadora: Ruta decolonial. Quito, Ecuador: Ediciones Ciespal.

------------------- (2018). “La Comunicación decolonial, perspectiva in/surgente”. Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. São Paulo: ALAIC. N° 28, 72-81.

EIXOS TEMÁTICOS

1)    Interfaces epistêmicas entre Comunicação e Decolonialidade

2)    Reflexões teóricas decoloniais a partir de experiências e práticas comunicacionais

3)    Crítica à modernidade-colonialidade e suas heranças nos processos comunicacionais

4)    Práticas, territórios y estéticas na articulação Comunicação-Decolonialidade

 

ORIENTAÇÕES PARA AUTORAS E AUTORES

Data limite para envio de artigos: 28.02.23

Os textos devem seguir as normas da revista, que estão disponíveis em: http://revista.pubalaic.org/index.php/alaic/about/submissions

 

COORDENADORES DO DOSSIÊ

Erick Torrico Villanueva, Universidade Andina Simón Bolívar, Bolívia.
Contato: etorrico@uasb.edu.bo

Verônica Maria Alves Lima, Universidade Federal Fluminense (UFF), Brasil.
Contato: veronicalima@id.uff.br

Hugo Ernesto Hernández Carrasco, Benemérita Universidade Autónoma de Puebla, México
Contato: hugo.hernandezcar@correo.buap.mx