Chamada para publicação de artigos 44ª Edição | “Sentido, relevância e papel do rádio no ecossistema midiático digital em cenário de plataformização”

13.07.2023

APRESENTAÇÃO
Embora as formas de consumo de mídia tenham se diversificado, em um ecossistema moldado por algoritmos e plataformas, o rádio tem se adaptado, permanece relevante e continua a ser uma fonte valiosa de informação e entretenimento para um público cativo e fiel. Mesmo em um cenário convergente e hipermidiático (Lopez, 2010), é uma mídia que continua a desempenhar um papel importante, oferecendo
acesso universal, atualizações em tempo real, entretenimento, conexão com a comunidade local e integração com as redes sociais.
O rádio nasce como uma mídia em torno da qual as famílias se reuniam para fruição da programação que incluía música, humor, novelas e jornalismo, numa experiência imersiva, coletiva e familiar (Kochhann et al,
2011).Um século depois, embora tenha tido sua popularidade desafiada com os avanços tecnológicos e o surgimento de novas formas de comunicação, ainda continua presente na vida das pessoas como fonte importante de notícias, informações e atualizações, desempenhando um papel crucial em situações de emergência, conectando-se com as comunidades atingidas (Zuculoto, 2012). Oferece uma ampla variedade
de programas de entretenimento, como música, programas de entrevistas, debates, esporte e humor (Cebrián Herreros, 2001). Mesmo em áreas rurais ou em regiões com acesso limitado à internet, é possível
sintonizar uma emissora da região com um simples aparelho, pois o rádio, caracteristicamente local, tem
conteúdos úteis e de serviço público como parte crucial da sua produção jornalística (Meditsch, 2007). Os ouvintes encontram um espaço de identificação no rádio, por meio da participação nos programas, com
pedidos de música, envio de mensagens, interação com os comunicadores, gerando senso de comunidade e pertencimento (Ferraretto, 2014). Mas, como aponta Orihuela (2015, p. 12), “os meios mudam quando muda a cultura da audiência”. Dessa forma, diante da reconfiguração dos públicos, o rádio tem se reinventado e, nesse exercício, aprendeu que
as audiências mudam muito rapidamente e que, por isso, seus esforços de inovação devem ser direcionados para melhorar a experiência dos ouvintes que formam comunidades de relacionamento no ambiente digital (García Avilés; Martínez-Costa, Sábada; 2016). Kischinhevsky (2016) lembra que a relação com os ouvintes ganha agora novos contornos com as mídias sociais, que passam a remediar estas interações e, nesses novos
cenários voltados para a ação algorítmica, as emissoras podem ampliar a audiência por meio da propagabilidade (Jenkins; Ford & Green, 2014).
Sintonizadas com novos modos de escuta e distribuição de conteúdo, emissoras estão aderindo às plataformas de streaming de áudio e agregadoras de conteúdos sonoros para distribuir conteúdos diversificados. Imerso no fenômeno de plataformização midiática (Poell, Nieborg & Van Dijck, 2019), como estratégia para conquistar o público que não desenvolveu o hábito de ouvir a transmissão linear, o rádio entra vivencia uma transição de uma cultura da portabilidade – que remonta aos aparelhos portáteis – para uma cultura do acesso, como define Kischinhevsky (2015). O fenômeno da plataformização desafia as lógicas
editoriais da mídia tradicional baseadas nas escolhas de profissionais, governada por uma disputa de mercado, para outra em que a visibilidade depende das escolhas dos usuários, as quais passam a alimentar
algoritmos que interpretam as preferências passando a guiá-los numa espécie de curadoria algorítmica afetando, por consequência, a escuta/visibilidade do conteúdo (Nieborg, Poell & Deuze, 2019).
Estes novos cenários, para além dos desafios tecnológicos, trazem novas práticas e uma delas é a construção da credibilidade diante do crescimento da desinformação, um fenômeno coletivo vinculado à informação,
como aponta Rêgo (2020). Como avanço da desinformação, o rádio tem buscado estratégias para se manter relevante e preservar seu sentido de permanência.

  • Sugestão de tópicos a serem abordados:
  • Credibilidade e confiança do rádio
  • Novas formas de interação no rádio
  • O rádio no enfrentamento da desinformação
  • Rádio e desinformação
  • Rádio em novos cenários
  • Rádio hipermidiático
  • Rádio e plataformização midiática
  • Sentido e relevância social do rádio

Referências
Cebrián Herreros, M. (2001). La radio en la convergencia multimedia. Barcelona: Gedisa.
Ferraretto, L. A. (2014). Rádio – Teoria e prática. São Paulo: Summus.
García Avilés, J. A.; Martínez-Costa, M. P.; Sádaba, C. (2016). Luces y sombras sobre la innovación en los
medios españoles. In: Sádaba, C., García Avilés, J. A.; Martínez-Costa, M. P. Innovación y desarrollo
de los cibermedios en España. Pamplona: Eunsa.
Jenkins, H.; Ford, S.; Green, J. (2014). Cultura da Conexão. São Paulo: Aleph.
Kischinhevsky, M. (2015). Da cultura da portabilidade à cultura do acesso: a reordena-ção do mercado de
mídia sonora. In: Congresso Internacional Ibercom, 14. Anais... São Paulo: USP, 2015, p. 6065-6073.
Kischinhevsky, M. (2016). Rádio e mídias sociais. Rio de Janeiro: Mauad.
Kochhann, R.; Freire, M.; Lopez, D. C. (2011) Rádio: convergência tecnológica e a evolução dos dispositivos.
Guarapuava. Anais VIII Encontro Nacional de História da Mídia.
Lopez, D. C. (2010). Radiojornalismo hipermidiático: tendências e perspectivas do jornalismo de rádio
allnews brasileiro em um contexto de convergência tecnológica. Covilhã: UBI/LabCom Books.
Meditsch, E. (2007). O rádio na era da informação. Florianópolis: Insular.
Nieborg, D.; Poell, T. & Deuze, M. (2019). The Platformization of Making Media in Deuze, Mark; Prenger,
Mirjam (eds). Making Media, Amsterdam University Pressa.
Orihuela, J. L. (2015). Los medios después de internet. Barcelona: Editorial UOC.
Poell, T.; Nieborg, D. & Van Dijck, J. (2019). Platformization. Internet Policy Review, 8(4).
Rêgo, A. R. (2020). Vigilância, controle e atenção: a desinformação como estratégia. Organicom. Ano 17,
número 34, Setembro/Dezembro 2020.
Zuculoto, V. (2012). No ar a história da notícia de rádio no Brasil. Florianópolis: Insular.

ORIENTAÇÕES PARA AUTORAS E AUTORES
Data limite para envio de artigos: 15.09.23

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